O
livro Prelúdio do Ocaso apresenta dez
contos bem alinhados e mergulhados na fantasia. A linguagem esbanja clareza,
humor e sensibilidade, aproximando o fantástico do verossímil. Missão fácil?
Certamente não, mas o autor prova o seu talento a cada parágrafo.
Uma
espécie de mágica, obtida através das palavras muito bem manipuladas,
transforma a leitura em uma viagem por um mundo encantado, onde se pode
encontrar bardos, unicórnios, elfos, dragões, ninfas, goblins e orcs. O leitor é convidado a conhecer um universo à
parte, deixando-se conduzir por um caminho que julgava perdido em sua
imaginação de criança.
O
livro começa com A Queda de Lenora
Endriel, conto favorito do autor. Não é uma narrativa curta, mas depois de
algumas poucas linhas, a trama revela-se uma ótima surpresa. Costumo resistir a
contos longos que prometem muito e se arrastam em descrições e detalhes
desnecessários. Não é o caso aqui, pois o texto ganha cores e ritmo mais
contundentes à medida que a leitura avança.
Embora o começo não seja tão interessante quanto o desenvolvimento, a trama prende a atenção e o final abre novas possibilidades que aguçam a curiosidade do leitor. O que acontecerá depois? A saga de Lenora continua? Espero que sim.
Embora o começo não seja tão interessante quanto o desenvolvimento, a trama prende a atenção e o final abre novas possibilidades que aguçam a curiosidade do leitor. O que acontecerá depois? A saga de Lenora continua? Espero que sim.
“Depois, todos seus sentidos renderam-se
à escuridão.”
“É apenas um castigo. Dez anos passam
rápido. Nesse tempo, espero que os livros coloquem em tua cabeça o juízo que
minhas palavras não lograram êxito em colocar.”
Em Nome do Pai, o
personagem Robert lida com as lembranças de infância e busca resgatar a memória
e a honra de seu pai. Para isso, conta com a ajuda de um padre rabugento, sarcástico,
responsável pelo toque de humor no conto.
Apesar da temática triste sobre a impossibilidade do relacionamento
entre pai e filho, que mantêm um elo improvável, a leitura acaba provocando
sorrisos.
Já Pena de Fênix traz algumas considerações
que servem tanto para humanos quanto para elfos, sempre com uma abordagem bem
humorada da realidade/fantasia:
Nosso coração também é de
carne, e sangra todos os dias.
Melhor morrer sentindo-se
vivo do que viver sentindo-se morto, não é?
Quando
estiver tendo dificuldade em disfarçar uma lágrima no canto do olho, aconselho
que leia A Princesa Dragão. Você vai
chorar sim, mas agora de tanto rir. Pelo menos, foi o que aconteceu comigo
quando li o conto pela primeira vez.
Há referências a contos de fadas, filmes, delírios transgênicos (opa, esse foi meu) que enriquecem o texto. Ficou claro que o autor não quis bancar o certinho coerente, obedecendo aos limites tempo/espaço. Dane-se a coerência! O tom de besteirol e as piadinhas despretensiosas aliviam qualquer fígado danificado pelo mau humor. O importante é se divertir, porque não está fácil pra ninguém, imagina para um elfo loirinho.
Há referências a contos de fadas, filmes, delírios transgênicos (opa, esse foi meu) que enriquecem o texto. Ficou claro que o autor não quis bancar o certinho coerente, obedecendo aos limites tempo/espaço. Dane-se a coerência! O tom de besteirol e as piadinhas despretensiosas aliviam qualquer fígado danificado pelo mau humor. O importante é se divertir, porque não está fácil pra ninguém, imagina para um elfo loirinho.
Mesmo que Custe sua Alma, conto
que encerra a antologia, já empolga pelo título. Apesar do tema não me agradar,
logo me interessei pelo enredo. Batalhas sangrentas, trolls fatiados, bruxa que
já foi fada, muitos elementos para compor uma história de ação, tornando a
epopeia de Alan Arunor fascinante. Há,
em todo a narrativa, uma aura cruel, condizente com a fama de escritor um tanto
sádico de Fábio Baptista.
Os
demais contos são pequenas produções de um autor que prefere escrever usando
elementos da fantasia e dos dramas cotidianos. Tenho lá minhas implicâncias com
fantasia, mas desta vez, até me
convenci a dar uma chance ao gênero. Graças ao seu estilo nada engessado, Fabio
Baptista consegue apresentar ao leitor histórias que cativam e tiram o ar blasé
de qualquer crítico mais exigente.
Prelúdio do Ocaso
promete (e cumpre) trazer novas experiências e sensações, ora emocionando, ora
fazendo rir, e até mesmo despertando alguns instintos cruéis. Talvez, em algum
momento, você também pense em esganar lentamente o autor. Mas quem poderá culpá-lo?
O que não vai acontecer é alguém
permanecer indiferente à leitura. Ame ou odeie, mas, primeiro, leia o livro.
Não vai se arrepender.
Cotação:
****
Onde comprar: http://amzn.to/2beQeEm
Nenhum comentário:
Postar um comentário