Livro com doze contos que abordam
os sentimentos, em suas várias formas e nuances - das mais banais às mais
densas. Cada história traz um ponto de vista particular das relações pessoais.
Um universo tão rico que torna praticamente impossível ao leitor não se
identificar com os personagens e seus conflitos.
Em Ela, conto que abre este livro, Fabio Baptista apresenta uma
narrativa curta, na qual um gesto usual - tomar um café - traz lembranças e
reflexões mais profundas. O estilo simples, direto e sensível do autor nos
aproxima da narrativa e, quando nos damos conta, estamos sentados ao lado da
personagem, mergulhados em seu monólogo.
Os contos, na sua grande maioria,
apresentam forte carga emocional, provocando tensão do começo ao fim. Cada
narrativa, mesmo quando suavizada por toques de ironia, mantém um fio condutor
esticado ao limite, prestes a arrebentar. São as emoções dos personagens que
dominam e surgem ternas como na relação entre pai e filho (Coisas que Lembraremos Antes de Ver o Pôr do Sol) ou bastante
densas, quando ligadas a traumas do passado (Memórias de uma Bruxa).
O leitor encontrará um pouco de
tudo, desde os sonhos e lembranças da infância (Saudade de Voar) à melancolia de uma frustração amorosa (Mil Pedaços de um Coração Tatuado à Nanquim).
Através de seus contos, aparentemente simples e sem grandes pretensões, Fabio
Baptista leva o leitor a rever questões essenciais da vida de todos nós. São os
retratos falados (e escritos) das intrincadas ligações amorosas, que esbarram em
alguns clichês, mas o que é a vida senão um grande clichê?
Para os mais impacientes (ou
preguiçosos), há o micro conto Motivo
que, em pouquíssimas linhas, revela uma trama de várias camadas, sem
desperdiçar uma única palavra. Não há espaço para explicações desnecessárias. O cotidiano, o abandono e a frustração
condensados em só um sopro, ou melhor, em um belo tapa na cara.
Todas as histórias remetem a
casos contados sem reservas, dessas coisas que se fala em uma conversa entre
amigos. Uma confissão do que se viveu e observou em relacionamentos duradouros
ou fugazes, paixões frustradas, experiências que se transformaram em lembranças
ou cicatrizes. A diferença aqui é a habilidade do autor no emprego das
palavras, apresentando um panorama quase real para cada história. Pura ficção?
Só o autor poderá responder.
Retratos Falados dos Meus
Amores Impossíveis, uma leitura interessante, para ser feita sem
pressa. Uma trilha pela vida como ela é, diria Nelson Rodrigues. Eu
acrescentaria: vida como a nossa vida, a vida de qualquer um. .
Ao terminar a leitura, entre um
engasgo e outro, um lacrimejar disfarçado, o leitor encontrará bons motivos
para sorrir, e provavelmente, sinta uma estranha e agradável sensação de
familiaridade: acho que já vivi isso.
Cara nova pro blog, hein! Gostei!
ResponderExcluirObrigado pela resenha :D